Oficina de defumação na comunidade de Cabuçu, Saubara-BA
Depois de pouco mais de dois anos, o Projeto Bahia Produtiva, realizado pela Humana Brasil, encerra a sua trajetória após ter contribuído para o desenvolvimento de 99 Organizações Socioprodutivas, melhorando a qualidade de vida de aproximadamente três mil pessoas participantes e suas famílias.
A iniciativa atuou em 66 municípios, localizados em 15 Territórios de Identidade do Estado da Bahia, incluindo áreas importantes como Chapada Diamantina, Recôncavo e Velho Chico. As 99 entidades contempladas no edital 014/2019 do Bahia Produtiva, receberam consultoria e assessoramento para a implantação de seus projetos socioambientais, contando com um investimento de mais de R$34 milhões em tecnologias sociais, construções, equipamentos e máquinas para diversificar e aprimorar a qualidade e comercialização de seus produtos.
Dentre as construções, 34 empreendimentos foram estruturados e reformados, como casas de farinha, fábricas de vassouras piaçava, chalés para hospedagem de turistas, unidades de beneficiamento do dendê e cozinhas comunitárias, como a implantada na comunidade de Mato Cipó, em Manoel Vitorino-BA.
“O Bahia Produtiva trouxe uma cozinha comunitária. O nosso pontapé é produzir produtos de coco e licuri, como sequilhos, cocadas e trufas. Nós estamos dando início com as receitas e nos aperfeiçoando. Já podemos sentir a diferença que o Projeto nos proporcionou”, ressalta a participante Cibele Costa, de Mato Cipó.
A equipe da Humana Brasil esteve presente em comunidades de agricultores(as), pescadores(as), marisqueiras e apicultores(as), visando impulsionar o desenvolvimento e o manejo sustentável da agricultura, apicultura e pesca. Isso não só contribuiu para a geração de renda e segurança alimentar, mas também promoveu a inclusão produtiva e a melhoria na qualidade de vida das comunidades envolvidas.
“Finalizamos felizes em termos contribuído com a realização de sonhos. A equipe conseguiu em muitas organizações socioprodutivas, transformar as ideias das pessoas em projetos executáveis e, ainda, compartilhar e trocar conhecimentos nas oficinas desenvolvidas. É muito gratificante participar de uma equipe que conseguiu desempenhar esses resultados mesmo diante das adversidades vivenciadas”, afirma Polianna Farias, Coordenadora do Projeto.
Oficinas e tecnologias sociais
O planejamento da iniciativa também incluiu a promoção de oficinas para gerar, entre as pessoas participantes e comunidades, independência financeira, a partir de uma produção sustentável que valoriza os itens de origem local.
Dentre as oficinas promovidas, destacam-se a produção de velas de cera de abelha, sabonetes de mel e própolis, escalda pés com ervas medicinais, linguiça artesanal de peixe e frango, hambúrguer de siri, entre outras variedades. Com o propósito de fortalecer as vendas desses produtos, ainda foram proporcionadas capacitações sobre precificação, boas práticas de produção, comunicação e marketing.
“Durante esse período tivemos vários cursos, de grande importância para a nossa Associação, que já colocamos em prática e estamos desenvolvendo. Tivemos a banana e o aipim chips, pizza de aipim, sabonete artesanal, sorvete de coco, entre outros. O momento é de gratidão!”, declara Rogério Conceição, participante do Projeto e Presidente da Associação de Pescadores e Marisqueiras do Território Quilombola da Ilha do Amba, em Igrapiúna-BA.
Seguindo no quesito agricultura sustentável e garantia de soberania alimentar, o Projeto implantou 867 tecnologias sociais, como quintais produtivos, hortas, galinheiros e Sistemas PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável). As pessoas participantes receberam capacitações para o manuseio correto dessas tecnologias, garantindo que pudessem continuar atuando de forma independente mesmo após a conclusão da iniciativa.
Cada tecnologia instalada agregou positivamente na vida das famílias, como no caso de Reinilza Miranda. “Esse quintal produtivo para mim está sendo uma terapia. Estava passando por problemas de família e, todos os dias, venho aqui, distraio a minha cabeça e planto minhas coisas. Está uma beleza!”, exalta a participante da comunidade quilombola de Segredo, em Souto Soares-BA.
O Projeto Bahia Produtiva foi realizado em parceria com a CAR (Companhia de Ação e Desenvolvimento Regional), por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Banco Mundial e a Fundação Luís Eduardo Magalhães (FLEM).
