
Erva baleeira. Dentre os seus benefícios, a planta pode atuar como anti-inflamatório. Foto: Vinicius Correira/AOPA
Preparados geralmente através de infusão, os chás são bebidas que possuem valor cultural, econômico e ambiental. Devido a sua importância e tradição, o dia 21 de maio é dedicado ao Dia Internacional do Chá.
Na Humana Brasil, o Projeto Fitoterápicos – BRA/18/G31 possui como objetivo fortalecer as plantas medicinais nativas e os seus derivados no Bioma Mata Atlântica, o que inclui a produção de chás, uma vez que são derivados de ervas, folhas, flores ou raízes.
“Uma iniciativa como essa é importante pelo resgate dos conhecimentos tradicionais voltado para plantas medicinais e pela possibilidade de incremento e geração de renda”, afirma Jéssica Nobre, Coordenadora do Projeto.
Para executar este propósito, a iniciativa selecionou quatro organizações de diferentes regiões, a Cooplantas (Cooperativa de Produção de Plantas Medicinais), que fica em Itaberá-SP, Aopa (Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia), atuante desde 1995 em Curitiba-PR, APACO (Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense, de Chapecó-SC, e a Associação Comunitária dos Agricultores Familiares Quilombolas de Cangula, localizada em Alagoinhas-BA.
Todas as organizações entendem a importância da produção dos chás, já que a bebida possui um valor relevante para a sustentabilidade e traz para a saúde inúmeros benefícios.
“Aumenta o conhecimento na área da saúde popular, faz prevenção de doenças, além de ampliar o conhecimento sobre a medicina natural diminuindo uso de medicamentos alopáticos que geram reações adversas e resgata os saberes ancestrais das culturas tradicionais”, explica Ivonete Fagundes, Presidente da Cooplantas, ao destacar que o chá vai para além de uma bebida.

Seja em uma xícara com água quente ou em outro utensílio, o chá promove relaxamento e bem-estar, controla a pressão alta e o colesterol, contribui para a menopausa, auxilia na dor de cabeça, pode ser um anti-inflamatório, entre outros benefícios. Os chás de camomila, amora, capim-limão, hortelã, erva-doce, gengibre, manjericão e hibisco, são somente alguns dos tipos produzidos pelas organizações.
Preparo, cuidados e contraindicações
Para muitos, o preparo do chá se resume a colocar na água quente e consumir em seguida, mas a nutricionista da Humana Brasil, Leane Suzarte, explica que embora simples, o preparo da bebida requer cuidados.
“Na infusão, deve-se aquecer a água e adicionar a planta ao recipiente do preparo, deixando em contato por um determinado tempo. Também existe o processo conhecido como decocção, utilizado para partes mais duras da planta, como sementes ou caule. Neste processo, a parte da planta é fervida com a água. Seja qual for o método, o indicado é ferver a água de 5 a 15 minutos, sem manter a erva em altas temperaturas por muito tempo, evitando a perda dos seus ativos. Lembrando também que o seu consumo deve ser feito no mesmo dia”, explica a nutricionista.
Se comparado com os medicamentos, os chás se destacam nos seguintes aspectos: são naturais, acessíveis e possuem baixo risco de efeitos colaterais graves. Ainda assim, a nutricionista recomenda que as escolhas entre chás e medicamentos devem ser feitas com base nas condições de saúde e nas orientações de um profissional. “Nenhum medicamento deve ser substituído por plantas medicinais ou produtos fitoterápicos sem consultar previamente um profissional de saúde”.
Outros cuidados que Leane ressalta são relacionados às contraindicações, pois, mesmo sendo natural, podem apresentar efeitos indesejados. Idosos, gestantes, lactentes, paciente renal, pessoas em uso de medicações contínuas e/ou psicoativas e crianças, devem tomar cuidado ao ingerir a bebida. “É preciso considerar posologia, forma de preparo e a dose tolerada”, completa a nutricionista.
O Projeto Fitoterápicos é realizado pela Humana Brasil e conta com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e Fundo Ambiental Global para o Meio Ambiente (GEF).